sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Delegado é feito refém por bandidos


Um grupo de bandidos usando armamento pesado usou o próprio delegado Jorge Gil Ferreira Filho, 60 anos, como escudo, em um assalto à agência do Banco do Brasil em Itaetê, município que faz parte da Chapada Diamantina e fica a 400 quilômetros de Salvador.
Usando um carro Ford Eco Sport roubado, eles pararam na entrada da cidade um outro veículo, uma picape Hilux cabine dupla, cor prata, placa JRK 3832 de Salvador, dirigida pelo fazendeiro Fernando Oliveira, 36 anos. Com este carro, entraram na cidade perguntando onde ficava a delegacia.

No momento em que entraram, o delegado estava falando ao telefone e tinha a companhia apenas do carcereiro. Ele foi obrigado a subir na carroceria da picape, sem levar a bengala, que vem usando há alguns anos para apoio depois que sofreu um acidente. Na chegada ao banco, o delegado foi puxado para descer e acabou caindo no chão, ferindo a perna e batendo com a cabeça.

Dentro do banco, Jorge Gil teve que ficar apoiado no ombro de um dos marginais, para não cair, enquanto permanecia sob a mira das armas. Ele não tem certeza sobre quantos homens participaram da ação, mas estima que eram entre oito e dez. Do armamento, conseguiu identificar duas metralhadoras, escopetas de repetição e um fuzil AR 15. “Cada um tinha uma arma pesada e eram armas de combate”, aponta o delegado.

Em contrapartida, a cidade tem apenas dois policiais civis e dois militares. Dentro do banco, que nesta quinta tinha um intenso fluxo de aposentados recebendo o pagamento, todos foram obrigados a se deitar no chão. O mecanismo que programa a abertura do cofre em horário determinado estava acionado, o que fez com que o assalto se prolongasse por no mínimo meia hora, enquanto os ladrões esperavam para levar os malotes. “Foi um negócio aterrorizante”, define Jorge Gil.

Eles perguntaram onde ficava a Cesta do Povo, mas acabaram indo embora sem assaltar o supermercado do governo. “Como demorou no banco, acho que eles preferiram não arriscar”, avaliou o delegado.

No entanto, assaltaram a casa lotérica que fica em frente ao banco, cuja porta, fechada por dentro pelos funcionários na hora da confusão, foi derrubada com tiros.
Apesar dos muitos tiros disparados, ninguém ficou ferido. Com exceção do próprio delegado, que se machucou na queda e procurou o atendimento na cidade, que não tinha médico.

Jorge Gil contou que estava sentindo dores, mas preferiu passar a noite em Itaetê, orientando o início do trabalho de busca ao bando. Somente nesta sexta ele será examinado no hospital de Itaberaba, a 144 quilômetros de distância.

Na saída, os ladrões levaram o delegado, o gerente e outro funcionário público como reféns. Eles foram soltos cerca de sete quilômetros adiante. Antes de deixar o banco, tentaram incendiar o carro Eco Sport, mas a população conseguiu apagar o fogo depois que os marginais saíram.

Na perseguição aos assaltantes, foram mobilizados policiais de várias cidades da região, mas até o fechamento desta reportagem eles não tinham sido encontrados. Há três anos, ladrões agiram de modo parecido em assalto em Itaetê. Mas a quadrilha acabou presa algum tempo depois. “Vários deles ainda estão na cadeia”, lembra o delegado Jorge.

FONTE: A TARDE online.

Nenhum comentário:

Postar um comentário